07/11/2011

Ferrugem


Estou cansado, de verdade. Estou desgastado. Não sinto mais prazer. Tudo está demais conhecido, habitável. O tédio faz de mim sua morada. Necessito de novidade. Estou enfastiado de tudo que eu ouço, vejo, leio, sinto. Estou cercado de poeira. O vento que passa por mim já tem o cheiro e sabor extremamente reconhecidos. Quero uma catarse! As pessoas estão muito normais para mim, muito previsíveis. Vejo pessoas com a mesma idade que eu, se divertindo tanto, aos finais de semana, indo para as mesmas coisas há bastante tempo: festa, badalação, gritaria... diversões instantâneas e momentâneas. Prefiro mil vezes ficar em casa comigo ou conversar com os amigos em um lugar afastado, calmo. Sou um velho de 18 anos, admito. Às vezes fico com saudades de momentos que ainda não vivi. De sentimentos que nunca senti. De pessoas que não conheci. Estou exausto de tudo, de todos. Estou enclausurado. Enjoado desse meu eu. Quero um novo! Estou em busca enquanto a luz do sol não se apagar e houver ar para respirar. Exagero nas palavras, meus versos estão usados, borrados. Minha vida está um verdadeiro ponto em seguida, onde eu vou caminhando, seguindo... ferrugem.


"No mais, mesmo, da mesmice, sempre vem a novidade." (Guimarães Rosa)