06/07/2011

Sobre champagne e poeira.


Algo me toca, me balança, me arrepia. É algo nunca antes sentido por mim, que meu corpo desconhece, que faz minha alma ficar cheia de perguntas. Foi assim que chegou, do nada - mesmo esse nada significando tudo. Quando chegou deixou-me em dúvidas, penumbras, pisar infalso, areia movediça. Pisei, no início, com calma, tive medo. Recuava, diversas vezes. Até, que decidi dar outro passo. Escolha difícil. Sabia que o preço seria caro. Fui. Encontrei um chão mole. Uma paisagem cinza. Tive medo. Prossegui. Já encontrava-me dentro, não poderia mais recuar. Abaixei-me. Senti, aquele cheiro nunca sentido, o olfato desconhecia. Rapidamente, entendi. Conhece o cheiro de novo? Do livro recém comprado, do carro zero, aquela sensação após o champagne ser aberto: renovação. Sensações completamente diferentes habituavam meu corpo. Assim, encontrava-me, com um champagne à mão. Vivendo o novo. Respirei. Inóspito era o mundo pelo qual invadi sem bater à porta. Fui entrando. Colocando meus chinelos no tapete, sentando no sofá, ligando a tv e deparando-me: comigo. Seria tudo aquilo um sonho? Na tv, me vi de forma estranha, como se eu  fosse antes, talvez, um personagem. Quis botar no mute, mas ouvi tudo. Nesse mundo já cresci, pus-me ao vento para ser guiado. Perdido. Hoje, encontro-me, aqui, com a sensação de que a existência, de cada ser, é a constante busca do desconhecido, sendo assim uma eterna descoberta do que somos e em que lugar queremos estar. Sempre ampliando, aperfeiçoando e enriquecendo a vida. Essa vida, que por vezes é esquecida tornando-se: simples, prática e chata. Desse novo mundo, já sinto saudade dos momentos bons. Para trás eles ficaram, assim como, essa sensação que nunca mais terei. Foi uma sensação única, ímpar. Minha. Será repetida, sim, com certeza. Mas, com um pisar mais forte. Com uma leve poeira sob. (Tudo mudou, menos meu costume de fazer o que for)