15/09/2011

Como nossos pais.

Reclamo. Quero embora. Desejo sumir. Não voltar nunca mais. Retratos de infantilidade. Digo que sei de tudo. Sabidão. Do que sei? 18 anos. Mal vivi. Me acho superior. Aumento a voz, digo que posso fazer tudo sozinho. Desdenho. Não obedeço. Não ligo. Diversas vezes saio sem dar tchau. Não ouço. Tampo os ouvidos. Tranco o quarto. Me fecho. Imponho. Quero logo. Quero agora. Nesse instante! Quero o sim. Um não me mata, me corroe. Saio sem o guarda-chuva. Chove. Surdo. Besta. Babaca. Vou pelo lado contrário. Sofro. Doí. Machuca. Antes de ir, recebi um aviso, mas estava com fones. Imbecil. Volto. Cão arrependido. Rabo entre as pernas. Quero colo. Quero você. Ninguém mais. Peço desculpas. Choro. Sou acolhido. Braços serenos. Encontro paz. Encontro lar. Me encontro. Me conheces mais que ninguém. Me amas mais que tudo. Saí de ti. Por que insisto em desviar de ti? Querendo me enganar, que sou diferente de ti. Sou você. Você sou eu. Interligados. Laços eternos. Infindáveis. Respiro mais forte, sabes o que ocorre comigo. Penso que te engano. Quem se engana aqui? Eu, claro! Desobediente. Mal educado. Grosseiro. Me desculpa de novo? Não faço mais. Juro! Ciclo vicioso. Estás ali. Mesmo lugar de sempre. Eu por aí. Aprendendo a viver. Caindo. Levantando. Lutando. Precisando de você a cada dia. Queres o melhor pra mim. Não queres que eu sofra. Impossível. Não queres que saia dos teus braços. Cresci. Estou grande. Pesado. Preciso passar por muita coisa ainda. Evoluir. Transformar. Ter orgulho de mim. Já vou. Peço a bênção. Tchau, meu filho, cuidado. Traduzo. Eu te amo.