“Ai, palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai palavras,
sois o vento, ides no vento,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!
Ai, palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois audácia,
calúnia, fúria, derrota…
A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora…
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil como o vidro
e mais que o são poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam…”
(Cecília Meireles)
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai palavras,
sois o vento, ides no vento,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!
Ai, palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois audácia,
calúnia, fúria, derrota…
A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora…
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil como o vidro
e mais que o são poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam…”
(Cecília Meireles)
O que há em uma simples palavra? Letras, sons, significados, mistérios e magia. As palavras são tão poderosas e têm um poder praticamente ilimitado. Fazem rir, alimentam os sonhos, derrubam o nosso muro de proteção, acuam torturadores. Em qualquer lugar: pensadores, críticos, poetas, professores, escritores põem em marcha um desarmado exército de palavras que invade castelos, fortalezas, masmorras, casas, escritórios, mentes, corpos. Elas sobem aos palcos, manifestam-se nas telas, habitam livros, alertam, consolam, ferem. Afagadas junto ao ouvido, acariciam a alma. São cinzentas ou coloridas. Podem destruir ou ressuscitar. Adormecer ou despertar. Prometer. Iludir. Precisamos tratar as palavras com carinho, deixar escorrer sua magia natural.
