07/04/2011

-"Abram-se as cortinas..."


Somos personagens. Isso, ninguém pode negar. Quantas vezes em casa vestimos a fantasia de bom filho? Quantas vezes fingimos ser o que não somos só para entrar em determinado grupo, para não nos sentirmos isolados? Isso tudo faz parte da vida, não é uma crítica e sim, um fato. Somos todos personagens, todos. Ninguém é preso em si 24h do dia. Agimos de acordo com a situação que nos engloba. Uma hora somos mais “santinhos”, outras largamos o pudor, para algumas pessoas reservamos o carinho, outras a indiferença, o ódio, a falsidade... Faz parte da vida e todos nós fazemos. Quem não aproveita essas várias faces que o mundo nos dá, não aproveita a peça, fica sentado em uma cadeira durante anos a fio, até que os dois se desfiguram. Somos assim, faz parte. Mas, há sempre aquelas pessoas “irredutíveis” não, é? Que dizem que nunca irão mudar, pra ninguém. As pessoas são diferentes e devemos sim, nos adaptar a elas, da forma que podemos lapidar um pouco nosso jeito, para vivermos em paz. A grande questão é de adaptação e não mudança.
A vida no teatro é muito rica. Nós nos fantasiamos no camarim, choramos nos bastidores, espiamos atrás das cortinas. No fim, temos que nos preparar para vaias ou aplausos, nos adaptar aos tomates ou às flores. Nossas falas, atos serão julgados por pessoas que nos vêem na platéia, pessoas importantes, merecedoras de assistir a tudo ou aquelas que só estão ali para verem nossos deslizes, nossos esquecimentos e nosso nervosismo. Somos heróis, bandidos, fracassados, vitoriosos. Não importa o papel, antes de tudo somos seres humanos e nessa condição, erros, acontecem e devem ser aceitos ou amenizados. Temos que seguir sem medo das vaias, sem medo de sermos felizes e, assim, considerados loucos, por inovar. A vida é rápida e, assim como uma peça: ela termina. Mesmo que esteja muito tempo em cartaz. E, vai de cada um deixar um pouco da peça da nossa vida de permitidas de assistirem. Senão a peça se torna esquecida, perdendo seu valor, sua história. Não se preocupe com as vaias ou aplausos a peça é sua, faça dela o que quiser, sem receio. E, se você olhar, para a platéia. E, ver alguém ali, durante anos e anos, nos tomates ou nas flores, é porque sua peça valeu à pena. Além do mais, todos nós somos artistas no esquecimento ou na glória.