03/04/2011

Mãos Entrelaçadas


      "Ventos, velas velozes. Vento, ventania, vendavais. Massas de                                 ar que se confrontam."   




Para a física, ciências naturais em geral e dicionários o vento pode ser considerado como o ar em movimento, resulta do deslocamento de massas de ar. Mas, para seres humanos vários conceitos podem surgir: refresco, cabelos balançando e... Tempo. O conceito de tempo me chama mais atenção, por que existir esse conceito? O tempo e o vento andam de mãos dadas por todo lugar, um não larga o outro, se completam, por mais que “nunca” tivéssemos pensado nisso. A diferença entre os dois: o vento passa por nós, incomodando. Fechamos os olhos, pois às vezes com ele, vem areia, sentimos sua presença, de certa forma é a ação mecânica do tempo. O tempo já age diferente. Passa, sem olharmos, não nos faz fechar os olhos, pelo contrário por mais abertos que estejam o sentido da visão é inútil, na verdade qualquer sentido que o ser humano tenha é inútil.

Parece que só percebemos a presença do vento numa praia não é? Não só a presença, mas a sua essência. Vemos que somos o quê diante de toda magnitude de um vento? Somos tão pequenos em relação a essa força divina. Somos inúteis, nossos corpos, esta capa de carne, diante desta força que se quiser pode nos arrastar, levar ao horizonte, ao infinito. Tive essa percepção justamente em um pôr-do-sol em uma praia, vi que o vento passa e o tempo junto a ele. Olhei para aquele céu e senti o vento passar sobre meu corpo, com uma força que queria me levar não apenas fisicamente, porém mentalmente a outro lugar. Quando senti o vento passar ao meu redor percebi o quanto minha vida já tinha passado, o quanto o tempo fez de mim, aquela pessoa que estava ali, o quão as minhas escolhas fizeram de mim, o que eu era/sou. Percebi que o vento me fazia pensar a respeito do que eu queria/quero. Olhava para o horizonte. Naquele momento me senti uma pessoa realizada, agradecida de tudo que obtivera na minha vida até aquele momento. Estava prestigiando um acontecimento que muitas pessoas nem ligam, mas que é magnífico. Estava diante de um céu em chamas, o vento carregador de minha vida e o tempo espelho de minha essência. Fechei os olhos. Vi a relação que no inicio citei: “vento e tempo, por que existir esse conceito?”. Hoje tenho “a” resposta, como Fernando Pessoa citou: “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.” O vento e tempo me permitem ver e viver com outro olhar. Fazem com que agradeça. Permite-me fazer o que desejo, sem ultrapassar meus limites. Sem desrespeitar meus anseios e júbilos.

“Chegar até a praia e ver. Se o vento ainda está forte e vai ser bom subir nas pedras.”